terça-feira, 12 de junho de 2012

Midsommarafton “De seu Valentim”

São João é o período do ano que mais me proporciona sensações positivas. Uma súbita excitação percorre todos os meandros do meu corpo. Me remete - de maneira saudosista - ao estimado interior, especificamente o sudoeste baiano. 

Muitas coisas me agradam! O período do ano, início do inverno, o aconchegante frio que assola as madrugadas açoitadas por imperativas sinestesias: neblina, cheiro de pólvora, o vapor do milho verde, o exalante odor revigorante do quentão... 

É, também, o momento de sentir-me fragilizado com a falta do outro. Sinto-me um romântico solitário exposto a falta de seu objeto de reverência. 

Quando criança estourava bombinhas e escutava comentários lacônicos do meu velho: "Literalmente queimando dinheiro!".  A festa no clube então?! Era a cereja do bolo. O tradicionalíssimo Coroas Country Club, testemunha longeva de muito forró e diversão. 

Que venham os festivos juninos!



Elegância nas vestimentas
Beleza em profusão 
Frio 
indelével desejo de estar próximo 
Enamorar-se 
Aconchego gostoso no outro 
Peremptório romantismo 
Magnânimo desejo do bem 
Aflora a falta de um amante
Potencializa as carências 
Fragiliza o corpo
Estar só 
Imerso na irrefragabilidade do desejo 
A carne 
Efêmeros
Muitos outros 
imposta solidão
Ônus de não ser ninguém
Sem par
Um pária


terça-feira, 5 de junho de 2012

A supressão da obviedade ululante

Normalmente sou a antítese desse vídeo. Seria esse o motivo de, esporadicamente, ser assolado por uma crise de inadaptabilidade? 


Estariam as pessoas preparadas, diante do ensimesmamento reinante, para lidar com a sinceridade, com o reconhecimento, ou um genuíno afeto?   

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Filosofia do Cotidiano


Já me motivei a escrever no blog de maneiras distintas. Seja a fim de prestar um reconhecimento, um reverenciamento; seja para denunciar algo ou para externalizar minhas lamurias. É a primeira vez que me sinto incitado a escrever vide um sangramento consubstanciado de um ardor persistente. Isso não é uma metáfora!

Engraçado constatar que há um padrão quando as coisas arrolam a desandar. Assim que coloquei o pé pra fora do carro, na orla da Pituba, a chuva fez questão de me desejar seu “bom dia!” sinalizando que me acompanharia nos próximos 45 minutos de corrida.

Não costumo ser competitivo. Apesar de brioso, é difícil, hoje em dia, me aperceber comparando padrões comportamentais à outrem, muito menos mensura-los. Mas algo se transforma quando estou correndo. Algo me impele a – toda vez que alguém passa por mim num ritmo mais forte – acelerar o passo, uma autoprova a fim de gerar um saciar da incólume necessidade de competir e vencer (?). Estranho conjecturar isso.

Enfim, como “não há nada tão ruim que não possa ser piorado”, eis que surge um sujeito num ritmo mais acelerado me passando discretamente. Em períodos pregressos, daria um jeito de passa-lo e regozijar-me-ia diante da “conquista”. Mas pelo segundo dia consecutivo tentei fazer algo diferente: “Posso acompanhar seu ritmo?”. Em ambas às vezes a reação dos corredores foi positiva e a corrida se desenvolveu tranquilamente. Gostei dessa relação cooperativa. Mesmo vivendo no ápice do ensimesmamento, constatei que ainda há solidariedade nessa selva de pedras!  Mas nessa ultima teve um tempero especial. Meu atual parceiro estava treinando para a meia maratona e estava correndo cerca de 11 kms (!!!). Eu, claro, resolvi acompanha-lo. Divertido observar seu pragmatismo: dois relógios, um medindo nossa velocidade média: “11,7 kms por hora !!!” , o outro cronometrando o tempo e suas incessantes olhadelas para os mesmos. Acho que ele despendia mais energia nesse ritual do que na corrida em si.

A Nike, maior empresa do ramo de material esportivo, orgulhosa dos seus tênis super high tech me produz um “running shoes” que escorrega mais do que quiabo. Quando estou com ele calçado dentro de casa, sinto-me numa pista de gelo! Chega a ser ridículo despender dolorosos R$ 200,00 (“Preço super promocional!”) num tênis que não consegue proporcionar o básico, sustentação...

Estávamos fazendo a volta para finalizar a maior parte do percurso (eu, ele e meu tênis-algoz) e eis que um corpo, precisamente o joelho e a mão direitas, se estatela no chão. Na verdade o ensejo foi temperado com requintes de crueldade. O piso é aquele concreto, repleto de pedrinhas pontiagudas, sadicamente dispostas, aguardando ansiosamente para saciar-se e fatiar partes dos frágeis corpos infortunados. Eu, claro! Continuei a correr e com uma risadinha de quem acabou de se ferrar comentei em voz alta para as mulheres que passavam: “Cuidado! O piso está escorregadio!”. Correndo com o joelho sangrando e atraindo olhares de consternação. Depois de mais alguns tortuosos minutos despedi-me do meu parceiro que, solidário, pediu que eu cuidasse do ferimento.

Encerro esse relato recordando-me de uma divertida e determinística frase que um amigo e filosofo do cotidiano costuma utilizar: “Prego nasceu pra ser martelado!”.


Making Off da sessão fotografia: 

 
Lica, Papagaio de Pirata!