quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Pater noster

É bem perceptível minha inoperância no blog. Confesso que há uma malemolência dominadora. Toda e qualquer vez que uma epifania me assola, o momento ideal para produção de um blog despreocupado, me esquivo através da busca por uma leitura do universo da Psicologia, me debruço sobre alguma literatura lúdica em geral, algum jogo virtual, ou alguma saída casual para encontrar os estimados amigos. Hoje é um dia deveras especial e não poderia perpetrar na procrastinação. O hoje é deveras relevante e merece uma honrosa menção!

No dia 24 de Agosto de 1954, na região interiorana do sudoeste baiano (Itororó),  nascia o terceiro filho de uma família tradicional e bastante rigorosa. Moisés Araujo de Andrade Filho. Criado sobre um rigoroso (e contestável) método. Uma pessoa inquieta, irascível, impulsiva. Tais características lhe rendiam boas surras, normalmente distribuídas de maneira impetuosa pela minha finada vozinha, Gildete. Uma criação que, se não faltou amor, esse era tão velado que tornava-se difícil pensar em outra coisa que não uma frieza advinda de uma tradição na arte do cuidar (bisavôs). Uma manifesta representação do "quefazer" dominante. Fazia perversidade com os pobres animais e chegou a chefiar uma "gangue" (entenda de maneira muito mais amena se comparar com as organizações criminosas das sociedades hodiernas) devido ao caráter dominador, sarcástico, caustico...

Não me prolongarei no período de sua infância e inicio da adolescência. Esse relevante e necessário processo de transição sabe-se lá como e de que forma, lhe transformou num homem integro, altruísta e empático. Uma pessoa que repreendeu, por diversas vezes, ao flagrar seu filhote (esse que vos escreve) perpetrar as mesmas crueldades com os animaizinhos que fizera em décadas pregressas. Um homem que é surpreendentemente calmo e que tem, dentre as suas melhores virtudes, o bom humor, o sarcasmo, o otimismo e a proatividade como marcas indeléveis.

Sua incapacidade de externalizar seus sentimentos de estima para com seus entes queridos é absurdamente compensada através de um canal representativo: suas ações. Cansei de vê-lo, quando minhas férias findavam, pegar – literalmente – todas as coisas da dispensa da casa (e da geladeira!) e colocar dentro de um, dois, ou três isopores. Ou, percebendo que não tenho onde colocar meus livros, mandar fazer uma estante (“Essa madeira é nobre e não apodrecerá nunca!”). São tantos exemplos que poderia ficar muitas horas ilustrando. Um homem de poucas palavras e muitos gestos. Prefiro suas atitudes e gestos à uma verborragia sofista que mascara o descaso, o distanciamento, o egoismo. 

Sinto-me fortemente impelido a expor nesse blog (que se tornou uma ínfima representação de meus sentimentos e desejos) o quanto eu o amo e respeito. É só uma forma de corroborar o que já havia feito contigo minutos antes no telefone. Uma singela homenagem ao “meu pai preferido!”. Eu o amo, o reverencio e agradeço a tudo que fez, que faz e que ainda fará por mim!

Feliz Aniversário!