Sou palmeirense, mas, acima de
tudo, sou ser humano. E o que vi, ontem, foi mais um daqueles tristes capítulos
em que a arbitragem exerce maior poder do que os principais protagonistas: os
jogadores. Esse poder fora completamente desbalanceado, a ponto de prejudicar
peremptoriamente apenas um time e a lisura do evento. Não marcou o pênalti na
jogada com o Emerson, consequentemente não expulsou o jogador do Boca Juniors,
já que ele tinha cartão amarelo e colocou propositadamente a mão na bola a fim
de mudar a trajetória da mesma, e, de quebra, ainda deu cartão amarelo ao jogador
do Corinthians, que reclamava com toda a justiça. Não contente, a arbitragem
marcou incorretamente um impedimento do Romarinho que, sem saber que estava
impedido (e não estava), deu continuidade a jogada marcando o gol. No segundo
tempo teve um lance absolutamente contestável: marcando falta no goleiro
argentino onde não vi nada, impedindo mais um gol dos brasileiros.
As falhas foram tão acintosas que,
mais uma vez me pergunto se não vale a pena a utilização de tecnologia a fim de
trazermos maior idoneidade ao esporte. Algumas modalidades já abraçaram a tendência
(futebol americano, tênis, dentre muitos outros) e o que vimos é a
possibilidade de corrigirmos diversas injustiças que ocorrem na seara
esportiva. No tênis, por exemplo, existe o desafio intitulado de Hawk Eye,
presente nas principais competições. O tenista tem uma quantidade finita de
desafios, podendo utiliza-los toda vez que contestar a marcação do juiz (se ele
estiver correto, continua com o desafio). Isso, diferente da opinião de muitos
conservadores, trouxe até mais emoção ao evento, virando um espetáculo a parte,
contando com participação da torcida e tudo mais.
Esse papinho anacrônico que os erros “fazem parte do esporte” é deveras contestável. As regras são mutáveis, evoluíram ao
longo dos anos (impedimento, trajes, materiais, etc.). A tecnologia já
beneficia o esporte, ou ainda jogaríamos com bolas de couro que pesavam
toneladas. Não entrarei no mérito de quantificar – ao longo do tempo – quem foi
mais prejudicado ou beneficiado com os erros de arbitragem. Nem contestarei a honestidade
dos mesmos. Apenas saliento que desvaloriza o espetáculo e gera uma súbita
mudança de foco. Deixamos a discussão do futebol de lado e adentramos numa
esfera muito mais imbricada: a da moral.
Meu sentimento de consternação
aos corintianos, que não mereciam perder dessa forma. E meus parabéns ao apoio
demonstrado ao time após o ensejo. Mais de dez minutos após o encerramento da
partida cantando e reconhecendo o esforço dos jogadores. Foi
uma bela demonstração de carinho.
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