segunda-feira, 4 de julho de 2011

Acaso, ocaso...

Palavras-chave desse tortuoso período não necessariamente nessa ordem: angustia, medo, desespero, resignação, força de vontade, perseverança, fé, otimismo, fatalismo, luto; 



Considero o semestre retrasado (Agosto a Dezembro de 2010), indubitavelmente, como o período mais adverso, mais complicado e de maior sofrimento psíquico de minha breve vida. Começarei a sessão lamúria lembrando que passei dois tortuosos meses sem geladeira (uma frost free da BRASTEMP – é importante lembrar o nome dessa empresa sem amor no coração)  nova que deu defeito. 60 dias me alimentando de miojos, pães secos e sucos quentes...  

Depois uma arma direcionada à minha cabeça e um pedido ríspido de "saia do carro" me destituíram de carteira com cartão de crédito (cartão que tinha acabado de desbloquear pois tinha sido vítima de fraude eletrônica e meu antigo cartão tinha sido cancelado), celular (1 mês de uso e lá se vai o processo de adaptação com a tecnologia touch screen), um par de tênis que estava no fundo do carro, uma lasanha congelada (presente de uma irmã solidária com minha falta de geladeira), 2 pendrivers cheios de músicas selecionadas num laborioso processo que me demandou grande energia vital e tempo empregados, um carro que tinha 2 meses de comprado e tanque cheio , nem preciso salientar que tinha acabado de abastecer, né?   Provavelmente o ladrão regozijou e deve se recordar cotidianamente, uma doce lembrança do dia em que roubou o carro do trouxa que vos escreve. 
Todas essas coisas me geraram grandes transtornos. Mas tudo isso se tornou banal, frívolo demais para o que sucederia...

Estava eu, apossado de uma nova geladeira, pensando que – finalmente – a maré ruim passara e agora as coisas melhorariam. Depois de cerca de um mês que meu carro foi roubado, consegui receber o dinheiro do seguro e comprei um outro. Antes de pegá-lo, passei na seguradora, nada de riscos!
Ainda na seguradora, recebo a ligação da mãe de um dos meus melhores amigos  me dando a preocupante notícia de que ele passou mal no ônibus (estava vindo pra Salvador fazer uma prova de concurso e ficaria comigo nesse período) a ponto de não poder prosseguir. O motorista o deixou no hospital de uma cidadezinha interiorana. Entrei em contato com a assistente social do hospital e ela me informou que tiveram de transferi-lo as pressas para o hospital da UNIMED em Feira de Santana devido a necessidade de fazer exames mais complexos. Terminei de fazer o seguro do carro, peguei o bendito automóvel, ainda sem placa, deixei em casa e parti dirigindo o carro de uma estimada amiga e prima do enfermo. 

Qualquer tentativa de exposição textual jamais representará os diversos elementos que compõe essa dramática história, um embate ferrenho entre a morte e a vida. Soa dramático não? Muito mais doloroso é ver uma pessoa tão amada e benquista internada por 130 dias num hospital, sendo que ela passou mais de 30 dias na UTI deparando-se com a morte (uma pessoa com o mesmo quadro clínico dele morreu na UTI, no leito ao seu lado). Se nenhum exercício de empatia jamais me aproximaria do que ele sentiu, asseguro-lhes que senti e vivi o luto pela primeira vez na minha vida. Uma "médica" (sim! É uma ironia por acreditar que uma sujeita dessas jamais poderia exercer tal ocupação nessa profissão) informou que "ele não passará dessa noite". Frase mágica para me deixar estatelado num lúgubre canto do apartamento.       

O melhor de tudo é que ele se recuperou (um milagre não foi médica estúpida e insensível?! E com uma bola de cristal quebrada..). Ontem mesmo estávamos na rua conversando, ouvindo Deep Purple, dando risada e passeando pelas ruas de Itapetinga. Hoje vi um email dele fazendo uma análise crítica acerca do pífio desempenho da seleção brasileira diante a seleção venezuelana (o que foi aquilo?!?!).  

Durante todo esse período tortuoso eu tive pessoas amadas ao meu lado. Amigos fantásticos que me ajudaram, me ampararam e me deram aquela energia necessária para continuar persistindo de maneira dignamente salutar. Conheci novas pessoas que foram igualmente relevantes. O meu profundo sentimento de gratidão! 

As coisas ruins aconteceram e minaram minha autoconfiança e felicidade. Tornei-me rabugento e praguejava aos quatro ventos. Quando percebi que minhas lamurias temperadas de diversos impropérios (até a utilização de neologismos!) não estavam surtindo o menor efeito, comecei a rir ^^ comecei a pensar que, cedo ou tarde, as coisas mudariam. Que voltaria a minha vidinha pacata e quase sem problemas! Seria bom quando a maré virasse que estivesse preparado para perceber. Foi isso que fiz e foi isso que aconteceu. 

E pude ter, finalmente, uma boa noite de sono! Mesmo que seja num eventozinho com os amigos! ^^ 







2 comentários:

  1. Nossa!!! Período bem difícil mesmo... A maturidade e o bom senso nessa hora, nos ajudam a perceber que certas atitudes não acrescentam em nada nessas situações. Os amigos são sim essenciais, nesse momento em que tendemos a nos prender a pensamentos desconfortáveis, para nos mostrar um lado que não conseguimos visualizar, apoiando da forma que podem. Eu procuro sempre extrair algo de bom nas situações ruins. Nada é em vão. É o que me conforta e me impulsiona a seguir.
    Desejo a vc boa sorte!!
    Espero q a maré ruim tenha ido embora e a boa maré tenha chegado pra compensar, rsrs.

    Bjos.

    Fernanda Souza

    ResponderExcluir
  2. Eu sou uma grande curiosa! Não aguento ver um link que logo clico! rs
    Nossa, você escreve muito bem! Parabéns!
    Por experiência própria me sinto no direito de te dizer que você tomou a decisão certa! Não adianta se lamentar pelas coisas ruins que acontecem na nossa vida, sem dúvidas elas nos ajudam a crescer e dar mais valor ao que temos e aquilo que não perdemos!
    Sabe, quando eu estou com algum problema ou aconteceu alguma situação agradável, eu penso nas pessoas que possuem problemas e sofrimentos maiores que os meus e então logo me revigoro!
    A vida nos ensina a sermos melhores sempre! :)

    ResponderExcluir